O Museu Cívico de Castelvecchio é um dos museus mais importantes da cidade de Verona, assim como um dos mais interessantes da arte italiana e europeia. O importante castelo onde se localiza, construído entre os anos de 1354 e 1356 junto à ponte Scaligero, em Verona, teve seu restauro dirigido pelo renomado arquiteto Carlo Scarpa, iniciado no ano de 1957 e com várias etapas ao longo de 18 anos, resultando em uma de suas obras mais significativas, evidenciando sua admiração pela arquitetura de Frank Lloyd Wright e a espacialidade japonesa tradicional.
O museu está situado dentro do complexo da fortaleza de La Scala di Castelvecchio, distribuído em mais de trinta salas relacionadas à escultura, à pintura italiana e estrangeira, armas antigas, cerâmicas, jóias, miniaturas e sinos antigos.
Mais informações a seguir.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Verona foi uma das cidades mais bombardeadas na Itália, devido à sua localização estratégica e a presença de muitos ministérios da República Social Italiana. Durante uma incursão aliada, o Castelvecchio também sofreu muitos danos. Nesse período, quando Scarpa foi encarregado do restauro tanto do castelo como a ponte Cecchini, veio a decisão do arquiteto de considerar todo o complexo um só organismo para intervir, sem fazer qualquer distinção entre a restauração do edifício e o equipamento museológico.
Com quase seiscentos croquis para este espaço expositivo dedicado a inúmeras obras de arte, Scarpa conseguiu equilibrar a necessidade de manter a arquitetura antiga com a introdução de novos usos e a adaptação dos espaços, permitindo notar claramente sua intervenção. O resultado desta completa renovação e restauro se deve, tanto a Scarpa como ao arquiteto e engenheiro Carlo Arrigo Rudi Maschietto, e à constante colaboração por parte dos funcionários e diretor do museu, Liciso Magagnato, além dos artesãos que trabalharam no projeto.
Scarpa foi projetando os espaços de exposição com o objetivo de equilibrar as peças em exposição com sua proposta construtiva.
A primeira intervenção foi na ala da Regia, ou ala do palácio, a residência da família Della Scala, no edifício do século XIV, onde vieram à luz novas descobertas arqueológicas. O projeto de Scarpa nesta intervenção consistiu na criação de novos trajetos, novos acessos, passarelas e escadas, assim como um novo sistema de iluminação.
A segunda intervenção foi o restauro da Galeria. Em seu interior há uma série de sete grandes salas, conectadas por arcos e iluminadas por aberturas de estilo gótico, construídas em uma restauração anterior nos anos 20. Foram realizadas algumas mudanças como a eliminação de falsos afrescos e do reboco interior e outros estruturais baseado em uma simulação da localização definitiva das esculturas que abrigaria este espaço. Nessa intervenção decidiu-se tornar mais fácil a leitura das mudanças no monumento, inclusive diferenciando a nova intervenção com respeito às características da arquitetura medieval.
Com este restauro poderia-se considerar que Carlo Scarpa chegou à sua maturidade artística, em particular, com a ala da galeria, onde foca nas soluções espaciais, arquitetônicas e expositivas, desde uma perspectiva inovadora, mediante o desenvolvimento de soluções de grande qualidade arquitetônica para assinalar alguns pontos marcantes, como por exemplo, na parte superior de um suporte de concreto, cuja forma se assemelha à de uma folha dobrada de papel, como um origami, desde onde se pode admirar o museu, que tem como fundo a textura dos muros do castelo, ou a estrutura de concreto leve que suporta a estátua equestre de Cangrande della Scala, colocado entre o fundo das muralhas medievais e a moderna composição dos painéis de madeira, fazendo referências à arquitetura japonesa tradicional.
Finalmente, a terceira intervenção foi realizada no jardim, poucos dias antes da reabertura do museu em 1964, incluindo um gramado retangular delimitado por duas coberturas formando um diafragma, tanques de água e caminhos de pedra, desta vez fazendo referência a Veneza.
- Ano: 1957